Nosso sexto dia de viagem foi para cruzar o estado do Rio Grande do Sul, de cabo a rabo. Saímos de Santana do Livramento e seguimos até Erechim e depois de cruzar a divisa paramos em Concórdia. A nossa primeira viagem de motocicleta estava próxima do fim.

Após tomar o café da manhã, à moda brasileira, isto é farto, pegamos a estrada em direção ao norte. As cidades foram passando: Rosário do Sul, Santa Maria, Cruz Alta, Passo Fundo, Getúlio Vargas, Erechim e finalmente Concórdia. Muitas das pequenas cidades só vimos os portais ou placas de entrada. Mas é surpreendente conhecer um estado a partir do que se vê pelo interior. A partir da fronteira com o Uruguai a planície vai sendo substituída pelo mais e mais morros e as árvores se tornam mais abundantes, apesar de que cada campo é tomado por pasto ou por plantações. O calor deu uma trégua e a medida que o meio-dia se aproximava as nuvens começaram a tomar conta do céu. Nuvens de chuva! Víamos as nuvens descarregando água bem próximos a nós e de vez em quando pegávamos o asfalto molhado ou alguns pingos. Mas na incerteza parávamos a moto, colocávamos as proteções de chuva na mala tanque, guardava o cabo de alimentação até o próximo raio de sol. Assim foi praticamente até quase chegar em Erechim.

O começo da manhã foi com vento forte, felizmente mais de popa, o que não era tão desconfortável. Os primeiros quilômetros dentro do estado gaúcho não tem tantas cidades ou paradas. Felizmente encontramos um vendedor de melões na beira da estrada. Paramos para esticar as pernas e experimentar o melão caipira. Apesar de meio morno, uma delícia, com bastante suco e saboroso. Na hora de pagar descobrimos o quão barato são os alimentos na roça: por um melão o vendedor nos cobrou um real. Pode? Não me lembro de ter experimentado um melão tão gostoso e barato!

Continuamos a subir parando de vez em quando para abastecer e tomar gatorade. Almoçamos lanche como de praxe, papeamos com alguns gaúchos e continuamos a subida. Infelizmente não foi possível parar nas maiores cidades e conhecê-las, o que ficará para uma próxima viagem. Vendo o track do GPS percebi que cometemos alguns erros, principalmente em Passo Fundo. Acredito que seja o roteamento imperfeito dos mapas tracksource. Àquela época o pessoal do tracksource estava justamente debatendo como melhorar os mapas e torná-los mais corretos. De qualquer forma, como estávamos passeando não fazia muita diferença.

Mais para o norte do Rio Grande do Sul as nuvens acabaram e sol brilhou forte. A temperatura já se aproximava do padrão curitibano, o que era um alívio para nós. Ao atravessar o rio Uruguai, sempre ele, entramos em Santa Catarina para pernoitar em Concórdia, na casa de nossos amigos Vanessa e Ricardo, que nos receberam tão bem  e ainda por cima prepararam uma surpresa para a Patrícia, que havia trabalhado com eles na Embrapa. O pessoal da Embrapa foi em peso a pizzaria La Bodeguita para rever a amiga e saber de nossa histórias da viagem. Como é bom ter amigos neste mundo!

Acabamos voltando tarde para o apartamento e ainda ficamos um tempão batendo papo, vendo fotos e brincando como xbox e kinetc. Afinal fomos dormir para terminamos a viagem que começara seis dias antes. O dia seguinte nos levaria para casa.

Veja como foi o último dia da viagem ao Uruguai.