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August 11, 2017 - Argentina e Chile 2017

August 11, 2017 -  ?> | 2 comments | Viagem

Chile e Argentina 2017Depois de um tempo longe das viagens longas, arrumamos um desafio para fazer: o CC50. Sobre isto contarei em outro artigo. O objetivo aqui é relatar como foi a viagem pela Argentina e Chile agora no começo de 2017. Que dizer, uma coisa levou a outra! No próximo artigo detalharei como foi a prova do CC 50 Iron Butt. Por enquanto, fique com a narrativa da viagem até Valparaiso, no Chile, atravessando a Argentina e cruzando a Cordilheira dos Andes!

Dia 01 Curitiba – Posadas

Com a saída prevista para o dia 02 de janeiro, não havia muito o que programar. Antes iríamos em três, mas de última hora um companheiro resolveu não ir e descansar por aqui. Chegado o dia, a partida seria às 6:30, mas como sempre, impossível. Acabamos saindo do ponto de encontro passado das 7:00 da manhã. O rumo seria em direção ao oeste paranaense, para atravessarmos a fronteira por Dionísio Cerqueira/Barracão. Assim, seguimos pelas BR-277, velha conhecida e aquele horário bem vazia. Neste mesmo ponto de partida mais dois malucos estavam de partida para Ushuaia. Ambos de Harley e do moto clube Buena Vista. Espero que tenham feito boa viagem.

Um nevoeiro que apareceu ali na Serra de São Luiz do Purunã nos acompanhou por mais de 150 km, dissipando-se lá para frente de Irati. Com isso a temperatura estava no nível agradável, mesmo usando jaqueta de verão sem forro! a primeira abastecida estava prevista para Guarapuava, bem antes de acender a luz de reserva.

Logo mais, abandonando a BR-277, seguimos em direção a Pato Branco. O mais engraçado desta rodovia que leva a Barracão é que ora você está em Santa Catarina, ora no Paraná. Chegamos às 14:40 nas cidades irmãs, afinal você nunca sabe se está em Barracão ou em Dionísio Cerqueira, e fomos atrás de sacar mais dinheiro para fazer o câmbio. E encontrar a aduana para ingresso na Argentina.

Optamos por esta passagem por que muitos relatam ser rápida, mas não foi o que vimos, havia fila para passar para o lado argentino, na própria aduna as informações são péssimas e acabamos perdendo tempo por ali. Assim que descobrimos como fazer, fizemos o trâmite de entrada com registro da moto e do passaporte e fomos trocar reais por pesos argentinos. Naquele dia conseguimos a taxa de 5,32 pesos para cada real. Até que não foi ruim.

Seguimos até um posto YPF, e o preço da gasolina estava muito parecido com o preço brasileiro, mas todos para os quais perguntamos afirmaram que na Argentina o preço era melhor. Ali encontramos outro motociclista, já de volta, também em uma Triumph Explorer. Conversamos um pouco e ele relatou que as vedações da bengala não resistiram, estavam com vazamento de óleo.

A partir dali seguimos pela RN-14 e depois pela RP-17 até Eldorado, onde pegamos a RN-12 e descemos até Posadas, na fronteira com o Paraguai. No caminho algumas pancadas de chuva que refrescaram um bocado e comprovaram a eficiência das roupas para chuva da Revit, nenhuma gota de água!

A estranhar as rodovias argentinas, sempre estreitas, tanto um ruta nacional como uma provincial: sem acostamento, sem movimento, e quando passa alguém, quase sempre está em alta velocidade.

Esta região é interessante pois é onde haviam as missões jesuíticas, formando uma extensa região que inclui o Brasil e o Paraguai. Certamente há muito o que explorar por aí. A propósito, o nome da província (estado) é justamente Missiones.

Com as paradas na aduana, abastecimento e tira e põe as roupas de chuva, acabamos chegando apenas às 20:50 no horário local. Ainda em Dionísio Cerqueira usamos o aplicativo Booking e reservamos um hotel em Posadas, o hotel Maitei Posadas Hotel & Resort. Ao chegar a portaria encontramos 4 motos de Curitiba! Logo mais conhecemos o pessoal e acabaríamos nos encontrando até Mendoza! Os quatro motociclistas estavam com duas Gs 1200, uma nova e outra mais antiga, uma F800 e uma esportiva, acho que a K1300! Seus nomes: Maurício, Lauro, Sandro e Carlinhos.

O hotel tem várias piscinas e chalés e é bem preservado. A diária não era tão elevada, talvez por ser de última hora. O restaurante do próprio hotel é bom, mas aquela hora já não tinha todos os pratos, além do típico atendimento argentino: senta e espera! Diária: R$ 160,00.

Dica do dia: O grupo dos quatro curitibanos veio por Foz do Iguaçu e atravessou para a Argentina por Puerto Iguazu. Apesar desta opção ser mais distante ela acaba se tornando mais rápida, pois eles sairão depois de nós e chegaram bem umas duas horas antes. Além de não pegarem chuva!

Total do dia: 885 km.

Dia 02 Posadas – Santa Fé

Tomamos o café da manhã e pegamos a estrada juntos. Mas eles logo desapareceram na nossa frente, por que o negócio deles é velocidade. Como eu não havia planejado a viagem de ida, o Balcewicz, meu companheiro de viagem, deu a direção, mas logo vi que seria melhor usar o GPS, pois existem muitas rodovias provinciais e seria melhor não errar o caminho!

Ao abastecer, após deixar o hotel, coloquei a direção de Paraná, cidade vizinha ao destino do dia que era Santa Fé. Assim logo deixamos a RN-12 e pegamos um atalho pela RN-118, para desviar de Corrientes e pagar a RN-12 novamente! A destacar a qualidade dos mapas do Proyecto Mapear, funcionando perfeitamente e com um bom roteamento. Na próxima viagem preciso colocar os avisos de lombada, radar e policia.

Argentina e Chile 2017

Mais uma para minha coleção de fotos de placas!

A medida que avançávamos para o destino o céu se mostrava com nuvens brancas muito altas. Isto me chamou a atenção por que havia visto a imagem do satélite e havia uma zona de instabilidade sobre a região do Prata. Pensava que aquilo ali era parte do que estava acontecendo na região de Buenos Aires. Mas logo á tarde pude perceber que estávamos no encaminhando para uma tempestade, que era o que eu estava vendo desde a manhã. Logo avistei pássaros voando em formação e desorientados, voando de lá para cá, talvez buscando abrigo. E a nuvem ganhando corpo!

Parei para fotografar, veja foto aqui de baixo, e registrei a temperatura no momento: 37 ºC. Logo depois, nem deu uns dez minutos, estávamos embaixo da nuvem, a temperatura havia desabado dez graus e o tempo ficou feio, como muito vento lateral. Decidimos entrar em um posto de gasolina e esperar a tormenta passar.

Argentina e Chile 2017

A tempestade se aproximando.

Aproveitei a espera e filmei um pouco da tempestade:

Como dá para ver a coisa foi feia. Havia relatos de muita chuva, em volume, em várias regiões próximas. E que a chuvarada já estava por ali a mais dias, como iríamos confirmar no dia seguinte.

Passado o pior, seguimos em frente, pois já estávamos parados por volta de uma hora. Daí para a frente, pegávamos alguns pingos de chuva, saiu sol, enfim, clima de verão. Continuamos com as roupas de chuva, pois o céu estava bem carregado.

Logo chegamos a província de Paraná e seguimos para o túnel subfluvial que atravessa o rio Paraná e separa Santa Fé de Paraná. O túnel cobra pedágio, então é bom reservar uns pesos para o pagamento. O túnel em si não tem muito o que ver ou falar, além de ser uma bela obra de engenharia. Seu comprimento é de quase três quilômetros.

Fomos direto ao hotel, passando por parte da bela cidade, e depois comer uma parrilla, ali próximo. Tanto a carne quanto o hotel deixaram a desejar. O hotel Corrientes, na rua de mesmo nome é bastante simples, antigo e com banheiro sem box, ou seja, tomou banho molha tudo! A diária por outro lado é ótima, o equivalente a R$124,00.

Total do dia: 708 km.

Dia 03 Santa Fé – Mendoza

Amanheceu chovendo. E não era pouco! Tomamos o café tradicional argentino: “media lunas con dulce de leche”, pagamos e começamos a vestir a roupa de chuva. Saímos com pouca chuva, mas a medida que prosseguíamos a chuva só fazia aumentar. Aqui cometemos um erro bastante comum que é o de não abastecer na cidade. Aquela mania de Brasil, onde nas saídas de cidade está cheio de postos de combustível não é verdade na Argentina. Resultado, andamos uns bons 100 km para encontrar um posto. Ali encontramos os nossos amigos de Curitiba, que dormiram em outro hotel, e também cometeram o mesmo erro. Pior, na maior pancada de chuva passamos por um posto do outro lado da autopista, que não entramos, e eles sim, para descobrirem que não havia gasolina! No fim ainda tivemos sorte… Este posto também fica do outro lado da autopista, mas perto de uma rotatória (rotunda), só que para voltar em direção ao nosso destino tínhamos duas opções: ou entrar no canteiro e atravessar um alagado ou seguir mais uns três quilômetros e fazer o retorno. A segunda opção é bem mais segura e foi a que fizemos.

Como seguíamos para o oeste o tempo ruim foi passando, ficando nublado e depois céu azul e calor novamente. Na região que atravessamos estava tudo alagado. Além de ser uma planície, cheia de rios, aquilo ali mais parecia um pantanal. A certa altura, provavelmente fugindo do alagamento, um casal de porcos atravessou a pista!

Na altura de San Francisco deixamos para trás a RN-19 e pegamos a RN-158 até Rio Cuatro. Paramos para almoçar e abastecer pouco depois de Villa Maria. Quer dizer, nós fizemos um lanche enquanto que os quatro curitibanos se atracaram em uma parrillada que, segundo eles, estava divina. Saímos bem antes deles e assim seguimos até San Luis, onde aparece um cerro bem fotogênico e que, aos olhos quem nunca foi para aquelas bandas, aquilo seria a cordilheira. Ledo e ivo engano, são dois morrinhos de nada no meio de uma planície. Na verdade é uma pequena cadeia de montanhas, mas bem isoladas e longe da cordilheira!

Argentina e Chile 2017

O cerro chegando a San Luis.

Aliás, a vontade ver a cordilheira é tanta que só se fica olhando o horizonte esperando pela aparição. Que não vem, claro. Passando San Luis, já na RN-07, começa novamente uma autopista, e aí a viagem rende um bocado. Além de tudo são retas em uma planície, então imagina a visibilidade e a tranqüilidade, já que poucos carros trafegam por ali. Paramos para abastecer quase na divisa das províncias, onde tem um controle sanitário. Ali, enquanto completávamos o tanque encostou mais 5 motos de Curitiba! Até brincamos, não tem o que fazer em Curitiba, sai para uma bate e volta no Chile!

Trocamos informações e seguimos em frente. Quase chegando em Mendoza encontramos os quatro curitibanos saindo de um posto. Fomos atrás, entrando na cidade. O bom que a RN-07 vai longe dentro da cidade e não perdemos tanto tempo no trânsito urbano. O legal de ver na chegada à Mendoza são as videiras e as plantações de oliveiras. O cheiro que senti foi o de azeite de oliva, tal a quantidade de empresas transformadoras na região. É possível ver algumas vinícolas também.

Já o check-in foi no padrão argentino: muita calma nessa hora! Mas pelo menos o hotel era muito bom. O nome do hotel é Raíces Aconcágua e fica bem perto da avenida principal. Tomado banho fomos a tal avenida comer e conversar com os nossos amigos curitibanos. Ali comi um dos melhores bife de chorizo da Argentina. Sensacional.

Infelizmente não tivemos tempo de conhecer a cidade, que parece ser muito bonita. Muito arborizada, apesar do clima desértico da região. Ao longa das ruas da cidade existem vários canais que conduzem as águas do degelo e permitem irrigar as árvores. Além disso, é muito limpa. Fica o registro para voltar em outra oportunidade e explorar melhor a cidade e vizinhanças.

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O bonde que circula pela cidade.

Dica do dia: Abasteça a moto ainda na cidade, ê preferência para abastecer na chegada, mesmo que cansado, pois no dia seguinte é só rodar.

Total do dia: 910 km.

Dia 04 Mendoza – Valparaiso

Não saímos muito cedo por que a jornada seria curta, apenas 400 km. Mas aí erramos feio. Primeiro porque passar pela cordilheira e não parar para registrar a beleza do local é insano. Segundo, a aduana chilena no passo Los Libertadores, é/foi muito demorada. Houve relatos de pessoas que ficaram até seis horas ali. No sol, pois não tem qualquer infra-estrutura. Só a paisagem!

Novamente cometemos o mesmo erro de sair da cidade sem abastecer. E fomos abastecer em Lujan de Cuyo, onde há um posto YPF no vilarejo. Parece que a gente não prende com os erros!

Agora, logo que se sai de Mendoza, pegando a famosa ruta 40, em direção ao sul, se vê a cordilheira e os picos brancos de gelo. É de tirar o fôlego. Ao sair da RN-40 e pegar novamente a RN-07, direção oeste, você vai se aproximando da cordilheira.

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A bela cordilheira sempre a vista.

E não podia deixar sem registrar a moto com esse visual alucinante:

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Com um cenário desses, qualquer moto é fotogênica!

A subida dos Andes pelo lado argentino é muito bonita. Começa-se a subir lentamente. Na verdade, desde que se ultrapassa o rio Paraná e, mesmo sendo uma planície gigantesca, a altimetria vai ganhando alguns metros até chegar a cordilheira. E a RN-07 vai cortando os vales ao largo do rio Mendoza que serpenteia em um desnível muito comportado. Apesar de haver corredeiras, não há saltos no rio. Deste modo, você não sente que está subindo. O local onde abastecemos, Potrerillos, por exemplo, está a 1500 m de altitude, 60 km depois de Mendoza. Ali mesmo tem um lago que retém as águas do rio Mendoza e fornece a água para a região mendocina.

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O lago que se forma em Potrerillos.

O trânsito no início é um pouco complicado, mas medida que se livra dos caminhões flui muito bem. E não adianta querer correr. O deslumbramento com a paisagem é tanto que você é bem capaz de passar reto em alguma curva!

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A cordilheira e o vale formado por algum glaciar no pasado.

A subida continua, com altos e baixos, serpenteando o rio. Na entrada para Uspallata, onde há bons restaurantes, encontram-se muitas árvores e gramados, parece um oásis a quase dois mil metros de altitude. Outro lugar que merece uma parada para conhecer melhor.

A próxima parada foi na famosa Puente Del Inca, formação rochosa colorida que lembra uma ponte. O rio levou a parte mais macia da rocha e deixou o granito na parte superior, formando uma ponte. Ali havia um vilarejo devido a estrada de ferro transandina, mas hoje só restaram os escombros.

O monumento natural é protegido, de tal forma que só se pode tirar fotos de longe. Em volta há restaurante, bancas para venda souvenires e hostels. Um pouco para frente fica a aduana argentina que é usada na volta do Chile.

Seguimos subindo até o ponto de onde se avista o Aconcágua, ponto extremo das Américas. Não sabendo que era permitido entrar um pouco na trilha, somente tiramos fotos da entrada do parque, mas também fica anotado como lugar a visitar para fazer um trekking e conhecer as geleiras que o circundam.

Argentina e Chile 2017

Continuando a subida logo chegamos ao túnel Internacional Cristo Redentor, túnel entre a Argentina e o Chile com 3080 metros de comprimento e fica a 3209 m sobre o nível do mar. Uma atração a parte. Feita a travessia chega-se ao Chile e a aduana chilena. Este verão, por causa das condições econômicas da Argentina, o trânsito estava mais congestionado. Ficamos ali quase duas horas para atravessar. Até tentamos ver se com as motos poderíamos furar a fila, mas não teve jeito!

Argentina e Chile 2017

O engarrafamento na aduana chilena. Haja paciência.

Pelo menos o tempo estava bom e quente. Logo conhecemos um monte de gente e ficamos conversando aguardando nossa vez. Ao chegar para fazer os trâmites, passaporte, documentos da moto e formulário preenchido são apresentados ao funcionário chileno e depois ao argentino que efetiva a sua saída do território argentino. Para o pessoal de carro o processo demora um pouco mais.

Na revista, abre-se tudo para inspeção, mas logo um dos funcionários perguntou-me se não tinha adesivo (stickers) e com a minha resposta afirmativa e com a distribuição que fiz, logo me mandaram seguir. Evidentemente que não havia nada para declarar/esconder, mas as motos recebem um tratamento diferenciado, ainda mais se tiver adesivos da viagem ou do blog!

Na própria aduana tem um guichê de cambio e ali trocamos dólares por moeda chilena. Como o câmbio foi oficial, não acredito que tenhamos perdido dinheiro.

Mais alguns meses, ou talvez ano, a nova aduana chilena estará pronta com um pouco mais conforto para os viajantes. Imagino aquilo ali com frio e chuva ou nevasca como deve ficar!

Enfim, seguimos o caminho agora descendo a cordilheira. Se do lado argentino a subida é lenta, aqui no lado chileno a descida é vigorosa. Os famosos caracoles fazem com que você desça centenas de metros em poucos quilômetros. E a paisagem é de tirar o fôlego.

Argentina e Chile 2017

Os famosos Caracoles!

A tarde já ia avançada e não havíamos comido nada substancial, tipo marinheiro de primeira viagem! Descendo as encostas da cordilheira procuramos um lugar para comer, mas fomos deixando para a frente e só páramos em um posto de gasolina onde não havia muita escolha: salgadinhos e coca-cola. Estávamos em Los Andes.

Como já havia colocado o hotel no GPS, era só seguir as instruções da Raquel. Nesta primeira parte (Los Andes – San Felipe) encontramos muito trânsito e, não sei se foi escolha do GPS, mas as vias eram estreitas, sem acostamento e passavam por bairros onde a velocidade caiu muito. Ao se afastar um pouco das cidades pegamos as rodovias pedagiadas e a partir dai foi mais rápido, seguindo em direção a Valparaiso, no Pacifico.

O Chile parece com o Brasil quando o assunto é pedágio, tem por todo o lado, mas pelo menos o preço não é salgado e, sim, motos pagam. Contaram a pouco tempo que se guardar o ticket, a volta não é paga, mas não tive como confirma a notícia.

Logo estávamos chegando a Valparaiso, passando antes por Viña del Mar, cidade balneário muito famoso no Chile. A cidade, do ponto de vista de quem a atravessa de moto, parece ser muito bonita e agradável, mascomo tínhamos pouco tempo acabamos por não explora-la.

Chegamos ao hotel, e como previsto, só havia uma vaga e o Balcewicz foi procurar outro, auxiliado pelo gerente que sabia de algumas opções. Aqui um relato interessante, ao escolher os hotéis da região, achamos que os hotéis que ficavam nos morros não seriam adequados, justamente pelo preconceito brasileiro. Outro grande engano que descobrimos no dia seguinte quando fomos conhecer a cidade. Pode ficar no morro, além da vista mais bonita da cidade, o lugar é dos mais requisitados, com muitos restaurantes e lojas. Outra coisa foi o atendente! Piercing por toda a parte, tatuagens, parecia porteiro do inferno! Mas o hotel é muito bom e o atendimento durante os próximos dias mostrou que foi uma escolha acertada. O nome do hotel é Terranostra, capice!

Total do dia: 420 km.

Dia 05 Valparaiso

Este dia foi de descanso. Da moto, é claro, por que a gente andou um bocado pela cidade. E que cidade bonita! Muitos relatos que li antes de viajar, diziam que Valparaiso não valia a pena, mas agora posso afirmar que sim, vale a muito a pena.

Na manhã seguinte, após uma noite bem dormida e um belo café da manhã chileno, fui trocar a moto de estacionamento pois havia estacionado no lugar errado, onde não havia convênio com o hotel Terranostra. Detalhe, ali quase não tem lugar para estacionar, então existem vários estacionamentos particulares e públicos. Eu estacionei em um particular, quando devia ter estacionado em um público. Desfeita a burrice, moto devidamente guardada, fomos conhecer a cidade.

Em frente a uma das praças principais, a Plaza Sotomayor e o monumento aos heróis de Iquique, encontramos guias que por um preço razoável te levam a pé pelas partes mais importantes da cidade cotando aspectos históricos e culturais da região. Assim, fizemos. Uma estudante do secundário, que logo entrará para a universidade foi a nossa guia pelos tesouros de Valparaiso. E prepare as pernas para andar e subir e descer! Mas foi muito legal.

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Monumento aos heróis de Iquique

A praça dos heróis de Iquique já começa contando o entrevero entre chilenos e peruanos, que foi sério, mas isto lá pelos anos 1879. Ali também fica o quartel general da marinha e o porto, propriamente dito, com a sua aduana, e vendedores de souvenires. Ali é um bom lugar para comprar lembranças com um bom preço.

Para chegar no ascensor El Peral passamos antes pela Corte de Apelaciones, a justiça do Chile e ali encontramos uma estátua muito interessante de Têmis, deusa de justiça. Ela está com os olhos abertos e com a balança e a espada todos em uma mão só, como se desdenhasse da situação e soubesse exatamente o que fazer. A guia nos contou que a estátua foi presente de um peruano muito rico que havia sido enganado por chilenos em algum episódio da história que não me recordo. Para dar um tapa de luva nos chilenos, ele resolveu presentear a municipalidade com a estátua de Têmis demonstrando o seu sentimento da justiça recebida na negociação. Os chilenos, que não sabiam do simbolismo da deusa da justiça, aceitaram de muito bom grado o presente e ficaram felizes. Somente muito mais tarde é que foram descobrir o simbolismo de presente de grego que receberam.

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Deusa da justiça pero no mucho!

Usamos o ascensor El Perral para irmos para a parte superior. E os ascensores são um show a parte. Haviam muitos ascensores por toda Valparaiso, para levar da cidade baixa para a cidade alta, mas ultimamente apenas uns poucos estão em funcionamento, o que é uma pena. Trabalham desde os anos de 1800 e la vai funfa, levando e trazendo diariamente milhares de pessoas. A construção dos ascensores também remete ao passado, com estruturas todas em madeira, mancais de rolamentos bem antigos e polias gigantescas. Uma bela demonstração da engenharia daqueles anos em pleno funcionamento no século XXI.

Argentina e Chile 2017

Ascensor El Perral

Chegando lá cima nos deparamos, primeiro, com a bela vista da cidade e do porto. Depois pela conservação das casa e casarões e suas ruas e becos. Alguns casarões eram dos milionários do seculo passado e hoje integram o acervo da cidade, uma vez que Valparaiso foi declarado patrimônio cultural da humanidade, a exemplo de tantas outras cidades.

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Vista do porto de Valparaiso

O que encontramos na parte superior: belas casas, hotéis, hostels, restaurantes e bares, e lojas de souvenires. Cada rua ou beco revela aspectos interesantes da cidade, como as casas recobertas com as chapas de aço chamadas de calamina. Esta chapas chegaram ao Chile pelos portos, pois revestiam os contêneires da época e tinham excelente durabilidade no ambiente marinho. Muitas casas são revestidas com calamina e como têm cores distintas a paisagem fica muito bonita com este efeito. Vimos uma construção predial nova onde o arquiteto simulou o revestimento exterior do prédio como se fosse usado a calamina. Muito interessante. Na foto abaixo é possível ver a tal chapa nas paredes.

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Donde esta el perro?

Ali em cima, logo após sair do ascensor você dá de cara com um belo casarão, o Palácio Baburizza, outrora residência de Pascual Baburizza, empresário iugoslavo do ramo de salitre que fez fortuna no Chile. Hoje o casarão abriga o museu municipal de belas artes de Valparaiso. Infelizmente não visitamos pois estava fechado na segunda-feira.

Argentina e Chile 2017

Palácio Baburizza, museu municipal de belas artes

Enfim, a região superior do porto tem muita coisa bonita para se ver. Graças também a nossa guia, tivemos uma grande aula da história e cultura chilena. Mas para a frente chegamos a Igreja Luterana de Santa Cruz, segundo a guia a primeira igreja luterana do lado do pacífico, até então dominado pela igreja católica. Ali perto fica a igreja anglicana, de construção um pouco mais simples do que a luterana. O interior da igreja luterana é em madeira, muito conservado e a posição da igreja, no Cerro Concepcion, domina toda a vista.

Argentina e Chile 2017

Igreja Luterana Santa Cruz

Como já estava perto do almoço e já estávamos a bem umas 3 horas perambulando pelos cerros, resolvemos descer pelo ascensor Concepcion e almoçar por ali. Este ascensor é outra maravilha em termos de antiguidade, muito bem conservado e ainda em operação.

Argentina e Chile 2017

O ascensor Concepcion

Dali fomos almoçar em uma cervejaria chamada Altamira, que também é um museu da história da cerveja em Valparaiso. Vale a visita e as provas nas excelentes cervejas artesanais fabricadas ali. Lugar bem concorrido pelos turistas e locais.

Argentina e Chile

Cervejaria Altamira.

Já almoçados, passamos no hotel para descansar um pouco e bater pernas novamente, agora em direção a casa do poeta Pablo Neruda: La Sebastiana. A casa fica no Cerro Florida, com uma bela vista do porto de Valparaiso. Ali fica o museu Pablo Neruda, mantido pela fundação de mesmo nome. A visita é paga, mas vale a pena, principalmente se você se interessa pela história sul-americana e pelo próprio poeta. A destacar que pegamos um táxi no sistema de lotação, super barato por sinal, mas o motorista parecia um doido, subindo aquelas ladeiras a toda, desvianso dos carros descendo ou estacionados e ainda contando estórias locais!

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A casa de Pablo Neruda: La Sebastiana.

A volta foi a pé, já que para baixo todo santo ajuda! E foi uma bela caminhada. Passamos por locais que turistas raramente passam e deu para perceber um pouca da vida fora das ruas centrais. Tudo calmo, mas muito empilhado, já que estamos em um morro. Mais próximo da zona da cidade, várias feiras de frutas e verduras, a verdadeira riqueza chilena. Cerejas, pêssegos, nectarinas, uvas, enfim, frutas deliciosas. Pena que não dá para cruzar a fronteira com elas!

Mais uma passada nos supermercado, agora para comprar vinhos. Os preços são inacreditáveis, muito barato para o nosso padrão e a quantidade de rótulos de virar a cabeça. Taí uma viagem que deveria ser feita de carro para poder trazer várias garrafas. Claro que isto não foi um problema para o Balcewicz, que socou meia dúzia de garrafa nas suas malas!

Agora é só esperar pela manhã e dar início ao CC50, prova do Iron Butt que pretende sair do Pacifico e chegar ao Atlântico em 50 horas!

Argentina e Chile 2017

Tsunami!

No mapa abaixo o trajeto que realizamos na ida. Além do GPS, utilizei o Spot 3gen e o site Spotwalla para o registro da viagem.

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2 comentários para este artigo.

  1. Moto Explorer :: Iron Butt Viagem Iron Butt CC50 do Pacífico ao Atlântico em menos de 50 horas. Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. on 12 August 2017 10:28 pm

    […] foi dito no artigo anterior, a viagem para o Chile tinha a motivação de fazer na volta o CC50 que seria vir do Pacífico ao […]

  2. Luiz Carlos Balcewicz on 13 August 2017 12:56 am

    Perfeito relato, companheiro de viagem, Renato!
    Vamos programar outras.
    Ab
    Balcewicz

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