Mês de férias escolares, Moto Capital no DF, que tal fazer um Iron Butt até Brasília? Sim, teve o convite do amigo Balcewicz que iria dar um pulo até a capital federal. Juntando tudo e explicando ao amigo o que é uma prova Iron Butt, lá fomos nós. Como para ir direto são menos de 1400 km, tive de fazer um roteiro mais longo para alcançar a meta dos 1600 km. E conseguimos, mesmo em estradas desconhecidas, pelo menos para mim.
A vantagem de rodar no estado de São Paulo, Minas Gerais e mesmo em Goiás, é que as estradas são muito melhores que as nossa aqui do sul maravilha! Quase tudo pista dupla, o que facilita a vida do motociclista e aumenta consideravelmente a segurança da viagem.
Vamos ao relato. A saída, prevista para as quatro da manhã, não aconteceu. Não sei por que cargas d’água, o meu despertador no celular tocou muito baixo. Acordei assustado já eram 4:20. Passei um WhatsApp avisando do atraso e fui me trocar e tomar café. Chegando ao posto, encontrei o Fernando, o mesmo frentista da outra vez que, de forma muito simpática, foi nossa testemunha de partida.
A saída ainda teve um contratempo, pois o Balcewicz percebeu que o líquido de arrefecimento de sua moto estava baixo. Consultado o manual sobre o tipo de líquido, o mesmo foi comprado e completado o nível. Saímos lá pelas 4:50 rumo a Itararé, SP, nosso primeira parada para abastecer. Foram 291 km e quase acendendo a reserva da moto. No caminho, além da escuridão, pegamos um pouco de neblina, o que nos obriga a rodar em velocidades muito baixas, por causa da velocidade.
Abastecidos, e após a ida ao banheiro, tocamos em direção a Salto, SP, e depois Campinas, SP, para aumentar a quilometragem. Lembrando que para ir à Brasília, basta subir reto em direção ao norte! Chegamos em Salto após 294 km e já perto da hora do almoço. Novamente, abastecimento, banheiro e algum lanche rápido, além de encher o camelbak, pois facilita a hidratação enquanto pilotando. Pela época do ano foi de estranhar a temperatura, bastante amena e com muitas nuvens.
Ribeirão Preto, SP, foi a próxima parada. Também marca o meio do trajeto. Depois que alcançamos Campinas, SP, seguimos pela Anhanguera, BR-030, até Uberlândia, MG. Neste trecho a velocidade foi maior, uma vez que a velocidade da rodovia é de 110 km/h, não tem muitas interseções, lombadas, coisas do gênero e muito comuns aqui nas estradas do sul. A nota fiscal do abastecimento registrou 14:50 h. Segue o rito: banheiro, alguma bebida, um lanchinho, e segue o baile. Nesta perna fizemos 259 km. A segunda menor distância entre abastecimentos.
Uma nota: como o abastecimento, por si só, já é demorado, ainda mais em duas motos, diminuir o número de abastecimentos melhora o desempenho, desde que não tenha nenhuma pane seca! Alie, ainda o fato de que, é necessário ir ao banheiro e um sempre fica tomando conta das motos, o tempo de parada só fica maior, a cada parada!
O trecho seguinte é rodado no estado de Minas Gerais, bem no coração do Triângulo Mineiro. A parada foi em Uberlândia, na rodovia BR-365, com 291 km. Agora já havia caído a noite, e o posto ficava do lado esquerdo da rodovia, fizemos um retorno e lá paramos. Acho que foi a parada mais demorada da viagem. O cansaço já era grande, afinal, 1.135 km já haviam sido percorridos. Abastecimento, banheiro, lanche. Aqui foi um pão de queijo legítimo e um café para acordar!
O lado triste dessa parte da viagem foi ver as queimadas de beira de estrada. A maior parte iniciada por bitucas de cigarro, uma vez que a região está sem chuvas a um bom tempo e a umidade relativa do ar é muito baixa. Impressionante o tamanho das chamas e o clarão que proporciona. Seguimos até o entroncamento com a BR-153, que nos levaria até Goiânia, GO.
Na divisa entre Minas e Goiás, a lua estava nascendo sobre o rio Paranaíba. Velocidade contida, não só por que era noite, mas também por que a estrada é totalmente desconhecida para nós. Por sorte, as estradas estavam bem conservadas. Chegando em Goiânia precisávamos encontrar um posto para abastecer. Mas o sistema goiano de urbanização deslocou todos os postos para as marginais. Aí é um entra sai de marginal, que já viu. A primeira tentativa demos em um portão de posto dizendo que a entrada por ali era só para caminhões. Não entramos e seguimos em frente, logo a marginal te joga para a rodovia! Na sequência, e já preocupado com uma pane seca, despeitamos o aviso e entramos mesmo assim no posto. Para descobrir que a entrada para carros era ali na próxima esquina! Parada feita, após 326 km, o maior trecho entre abastecimentos, seguimos para a última perna da viagem.
E assim o nosso Iron Butt finalmente chega a capital federal. Assim que percebi que havíamos ultrapassado uma quilometragem segura para a certificação, paramos no primeiro posto que apareceu, já na capital brasiliense. Foram apenas 190 km finais, o que acumulou 1.651 km no total, percorridos em 20 horas e 50 minutos, registrados nos cupons fiscais, e média de quase 80 km/h.
Preenchidos os papéis com a testemunha de chegada, fomos direto para o hotel, não sem antes se perder no caminho! Explico, o Balcewicz já morou e Brasília, e disse-me que dali para a frente poderia desligar o GPS. Ok, tive de ligá-lo novamente para achar o caminho, mas chegamos são e salvos ao hotel.
Este foi o meu segundo Iron Butt, realizado de forma tranquila e com pouco planejamento a respeito de postos de abastecimento. A única preocupação era encontrar um posto 24 horas em Brasília, pois por todo o caminho sempre havia um posto próximo, o que facilitou a nossa vida. Nenhum contratempo, rodovias com pouco movimento e pouquíssimo calor. Na madrugada, em Goiás, percebia-se a queda de temperatura entre as baixadas e os topos dos morros, anotei até 6 graus de diferença. Que venha o próximo Iron Butt!
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